Qualidade goiana
Adailton de Oliveira Lisboa estuda e trabalha com cafés especiais de 2002. Em 2007, ele fez o curso Q-Grader, que o outorgou como um avaliador Q (de qualidade), especializado em degustação e classificação de cafés. Essa é uma certificação mundial ligada ao Instituto de Qualidade do Café (Coffee Quality Institute CQI). Segundo ele, que conhece amplamente o mercado de café do País, Goiás está pronto para produzir um dos melhores cafés do Brasil.O consultor explica que, praticamente, todas as fazendas produtoras de café em Goiás produzem cafés especiais, com pontuação acima de 80 pontos, próprios para exportação. “O detalhe da produção do Estado está no pós-colheita, falta orientação para os produtores. O produtor goiano precisa entender que ele tem um potencial diferenciado e que o nosso produto pode atingir os melhores mercados internacionais de café, com preço diferenciado”.
Para ele, com a obtenção do registro de IG, os cafeicultores goianos só têm a ganhar. “Ter um registo para a produção de café de Goiás irá valorizar toda a cadeia do produto, inclusive na hora de conseguir espaço no mercado externo. O café para exportação exige uma série de requisitos: aspecto físico, sabor, aroma, qualidade da bebida, e um registro de IG irá valorizar o produto para esse mercado consumidor”, pontua.
Mercado
Para o pesquisador e coordenador do Sistema Agropensa/ SIM Embrapa, Édson Bolfe, a ampliação da participação em mercados cada vez mais competitivos elevou o interesse pelas IGs. “Essas iniciativas têm possibilitado agregar valor a ativos intangíveis de uma determinada região, garantindo uma identidade que diferencia esses produtos no mercado consumidor”. Para ele, elas também promovem a preservação da biodiversidade e as ações turísticas regionais, projetando-as para além de sua área geográfica e elevando a oferta de empregos e a renda local. “Investir em tecnologias de novos produtos com indicação geográfica é desenvolver territórios e valorizar a cultura do meio rural brasileiro”, garante.
O que muda?
O registro de IG permite delimitar uma área geográfica, restringindo o uso de seu nome aos produtores e prestadores de serviços da região, em geral, organizados em entidades representativas.
A espécie “indicação de procedência” se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Já espécie de IG chamada “denominação de origem” reconhece o nome de um país, cidade ou região cujo produto ou serviço tem certas características específicas graças a seu meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
Foram os franceses que iniciaram o processo de certificação de Indicação Geográfica, em 1905. Em 1925 já existia a certificação para os queijos Roquefort, em 1935 foi criado o instituto para estudar os processos de denominação de origem. Atualmente na França existem mais de 500 certificados, 470 são para vinhos, sendo mais de 140 mil produtores que se beneficiam dessas certificações de indicação geográfica. O negócio é próspero para os franceses, envolvendo a cifra de 19 bilhões de euros.
No Brasil, os precursores foram os vitivinicultores gaúchos no Vale dos Vinhedos, em 2002. Desde então, as IGs promovem inúmeros produtos brasileiros e sua herança histórico-cultural. Essa herança envolve aspectos relevantes, como, por exemplo, área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade reconhecido como único dos produtores de determinada região.
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Thalita Braga
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