O Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (CIMEHGO) emitiu um alerta acerca da queda brusca de temperatura e geada entre os dias 18 e 26 deste mês. O setor agropecuário será um dos principais afetados devido à grande alteração de temperatura.
Segundo o documento, entre o período informado teremos o “avanço de uma intensa massa de ar frio de origem polar, que propiciará o declínio acentuado da temperatura do ar na parte centro sul do Brasil e consequentemente no Estado de Goiás”.
Conversamos com o gerente de climatologia de Goiás André Amorim sobre os efeitos dessa massa de ar frio na vida dos irrigantes de Goiás.
1. Nos conte mais sobre essa massa de ar frio vindo em direção ao Goiás. De onde ela vem, por quanto tempo deve ficar, entre outros pontos importantes.
ANDRÉ: Agora nós estamos com a ação do frio da massa de ar polar. As massas de ar polar nesse período, elas sobem no Brasil, mas muitas não chegam nem na parte central e ficamos apenas com um frio moderado. Mas nós temos um ciclone, um sistema funcionando no sul do país, que vai impulsionar esse ar frio. Esse ar frio vai vir com mais força, mais intensidade. No domingo, porém, ela começa a perder um pouco a intensidade, contudo, até a quarta-feira que vem ela ainda permanece.
2. Como o frio afeta diretamente as lavouras?
ANDRÉ: Principalmente com a questão da possibilidade de geada nas lavouras e isso pode prejudicar a agricultura diretamente. Nós fizemos um estudo de alguns locais com risco de geada aqui no estado de Goiás, e se ela se confirmar nessas temperaturas muito baixas, a geada pode queimar as plantas, as flores, prejudica os frutos. Os produtores de hortaliãs são bastante prejudicados porque a planta já está adaptada a uma temperatura, e apesar dos altos e baixos estavam mais amenas, e isso pode ser prejudicado devido as geadas.
3. Nesse caso, em que a massa de ar fria está prevista para chegar em temperaturas muito abaixo do normais, os prejuízos ficam ainda piores?
ANDRÉ: Com temperaturas muito baixas pode-se prejudicar toda a cadeia produtiva. Em alguns casos o frio pode prejudicar a saúde de funcionários. No caso da pecuária, por exemplo, os rebanhos também podem sofrer devido ao frio intenso. Agora, na indústria a céu aberto, quem tá com milho segunda safra, plantadores de leguminosas, hortifruti, folhagens, esses são os mais prejudicados.
4. Há algo que os irrigantes possam fazer para diminuir os prejuízos causados por essa massa de ar fria chegando?
ANDRÉ: A questão da irrigação, os produtores têm que acompanhar a questão do aspecto do impacto da geada e fazer as avaliações. Então, realmente, cada caso é um caso. Falar em diminuis os prejuízos é mais complexo porque todo esse plantio já está em pé, não tem como. Agora se fosse alguém que ainda não tivesse plantado, o interessante seria não plantar agora e esperar as temperaturas voltarem à normalidade, já que a gente emitiu o boletim alertando o risco da geada. Se puderem colher ou antecipar alguma coisa, é interessante. Porque realmente a geada queima e chega a matar a planta. Então, assim, cada caso é um caso. Tem gente que usa estufa e cada produtor tem uma lida diferente, um manejo diferente nos seus cultivares.
5. Qual será a ação da SEMAD sobre esse acontecimento? Haverá um acompanhamento da massa de ar frio? Podemos esperar possíveis atualizações do alerta?
ANDRÉ: O CIMEHGO que é um departamento aqui da SEMAD, já está acompanhando, nesses dias já tivemos uma pequena redução nas temperaturas. E por causa disso nós estamos acompanhando sistematicamente e cada momentos nós estaremos passando mais informações. É uma situação atípica no momento, em maio não se chega a temperaturas assim tão intensas, mas há um conjunto de fatores que vai favorecer esse frio mais intenso para nós que vivemos em Goiás. E, caso haja necessidade, mais alertas serão emitidos aqui pela Secretaria.