Com mais de 155 mil hectares de eucalipto de floresta plantada, Goiás deve ganhar usinas termelétricas

Realidade no cenário nacional, a geração de energia por meio das termelétricas, a partir da biomassa florestal, deve chegar em Goiás entre três e cinco anos, com a realização de leilões, segundo cálculos da Comissão de Silvicultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Usinas a carvão de pequeno porte – com capacidade para até 5 mil megawatts – devem ser instaladas no Estado. As cidades de Jataí e de Cristalina aparecem como potenciais para abrigar esse tipo de usina.

No momento, a Faeg encabeça conversas com grupos de investidores. “Os diálogos estão bastante adiantados e, em breve, estaremos instalando algumas termelétricas de pequeno porte em Goiás”, adianta o presidente da comissão, Walter Rezende, que também comanda a Câmara Setorial de Florestas Plantadas do Ministério Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele explica que um trabalho conjunto entre Federação e outras entidades do setor produtivo mapeou a realidade florestal de Goiás.

O levantamento apontou que, hoje, o Estado possui 160 mil hectares de eucalipto de floresta plantada. “Isso é suficiente para atrair termelétricas”, pondera, explicando que o tempo entre o leilão e a implantação da usina é necessário para a adequação às exigências, principalmente estruturais e ambientais. Um exemplo é a logística para transitar com a madeira: o cavaco não pode ser transportado mais do que 80 quilômetros do local de origem, por questões de viabilidade econômica.

Rezende analisa que as entidades goianas fizeram o trabalho de “organizar o setor” e agora chegou “a fase de atrair investimentos”. Segundo ele, há um grupo de investidores que pretende apostar em projetos com entrega de energia a partir de 2024. “Eles querem vir plantar e, daqui sete anos, ter a matéria prima para gerar energia. Para cultivar floresta tem que ter planejamento, produtividade e mercado. No passado, nós plantamos sem considerar esses três fatores. Agora, é necessário que se faça um planejamento para atender à demanda dos investidores que querem se instalar em Goiás”, avalia.

Segundo ele, a termelétrica é uma forma de geração de energia “alternativa e estruturante”, que apresenta vantagens em relação à eólica – produzida a partir do vento – e à solar, que são intermitentes. “Às vezes, falta vento e tem que ligar os motores para fazer o complemento. O mesmo acontece com a solar. No caso da biomassa de cana-de-açúcar, as usinas só têm material no período que estão moendo”, compara. Além disso, ressalta, “todo o equipamento para essas termelétricas é de indústrias brasileiras. Estamos contribuindo para o setor industrial e de geração de energia, ao mesmo tempo”.

Potencial

O relatório “Energia termelétrica – Gás natural, biomassa, carvão, nuclear”, elaborado no ano passado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta o grande potencial de geração de energia do carvão brasileiro. “A disponibilidade de reservas dessa fonte fóssil e o desenvolvimento de tecnologias menos poluentes sugerem que a geração térmica a carvão apresente um grande potencial de expansão, que atinge 17.000 megawatts”, diz o documento.

O principal desafio para o aproveitamento do carvão se refere às emissões atmosféricas e à implantação de tecnologia de diminuição de impactos ambientais. “As florestas que plantamos sequestram gás carbônico da atmosfera. Além da questão ambiental, temos também os ganhos sociais, com a geração de emprego e a tributação. É uma cadeia, que nós temos muito a contribuir”, prevê Rezende.

Histórico

O presidente da Comissão de Silvicultura da Faeg recorda que foi necessário um “trabalho incansável” para comprovar o potencial da geração de energia a partir da biomassa florestal para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a EPE. “Mostramos que temos 7,7 milhões de hectares de floresta plantada e isso equivale a uma geração de energia de quase 50% do consumo nacional e, com isso, condição de gerar energia com um custo mais barato e estruturante”, recorda, citando a inserção das termelétricas no Plano de Desenvolvimento Energético (PDE) nacional.

Texto: Diene Batista | Fotos: Larissa Melo – Comunicação Faeg

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