BID e Embrapa promovem debate sobre os desafios da agricultura no bioma Cerrado

Texto: Luiz Carlos Cenci



O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil realizou, no dia 28 de março, em Brasília (DF), o encontro “Desafios para o Desenvolvimento”, uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e que teve como tema central, “Agricultura sustentável: bioma Cerrado”. A iniciativa busca discutir prioridades, soluções, riscos e desafios que o próximo governo enfrentará na produção de alimentos através do desenvolvimento da agricultura sustentável, com ênfase no bioma Cerrado.


O encontro contou com a participação de diversos atores do meio acadêmico, pesquisadores, técnicos, entre outros, todos conhecedores do bioma Cerrado. O grupo debateu os desafios do desenvolvimento agropecuário para o Brasil nos próximos anos. Para o engenheiro agrônomo e diretor Técnico da Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo), Renato Caetano, que representou a entidade durante os debates, a agricultura só vai ter longevidade se tiver uma convivência com o meio ambiente, e que sem isso, será mais complicado e caro produzir. “A agricultura hoje, está avançando em produtividade e em redução de custos porque está interagindo com o meio ambiente. Temos ambientes de proteção integrados com os ambientes de produção”, afirmou.


Ele lembrou que esse projeto precisa levar em consideração que o bioma Cerrado é muito diversificado, que a verdade de uma propriedade rural não é a de outra, existem realidades muito diferentes. Não se pode fazer um projeto de cima para baixo, onde a fazenda tem que aceitar uma imposição global. “Na nossa opinião, esse projeto de agricultura sustentável tem que ser a partir da realidade de cada propriedade rural conforme as suas particularidades”, explicou Caetano.


Um dos principais desafios identificados durante o debate foi a necessidade de uma integração eficaz e eficiente de políticas públicas e investimento, tanto entre setores, quanto entre níveis de governo, para o aumento da competitividade e produtividade da agropecuária brasileira, buscando o desenvolvimento humano e a sustentabilidade ambiental. Os participantes também consideraram importante fortalecer o desenvolvimento de capacidades locais e o empoderamento de produtores, somado ao desenvolvimento de infraestrutura sustentável e de serviços básicos, em apoio ao desenvolvimento rural e a necessidade de valorizar os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos, especialmente com relação à regulação dos recursos hídricos.


“A Irrigo pode contribuir muito com esses debate ajudando a desenvolver um modelo de projeto da forma que a gente já está trabalhando. Nós daríamos um grande passo visualizando e trabalhando a partir da bacia hidrográfica. É assim que a irrigo pode contribuir, trazendo a experiência dos nossos produtores, a experiência do campo e das fazendas e transformar isso em um grande projeto, que seja modelo de desenvolvimento sustentável para a agricultura tradicional e para a agricultura moderna irrigada”, ressaltou Caetano.


Ele lembrou que ainda falta muito para ser debatido e que não é possível mudar uma história de 50 anos de agricultura no Cerrado em 2 ou 3 anos, é necessário fazer projetos para duas ou três décadas. “Nós temos tecnologia inserida dentro do processo de produção que podem ser aplicadas para a produção de alimentos e ainda preservar o meio ambiente. Sem a preservação nós não vamos sair do lugar e nem pagar a conta”, explicou Caetano que fez questão de ressaltar ainda que a agricultura é a atividade que mais preserva o meio ambiente.


Essa iniciativa não foi exclusiva do bioma Cerrado. Outros debates foram realizados para assegurar a produção sustentável de alimentos. O bioma Caatinga foi debatido no dia 04 de abril na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza. A Amazônia também foi tema de dois encontros, em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável, na primeira semana de abril em Brasília e São Paulo. Outras três oficinas similares serão realizadas até o mês de junho. Em Campinas, Manaus e Cuiabá, as quais irão debater sobre os biomas Mata Atlântica, Pampas, Pantanal e novamente Amazônia. Ao final da série de debates com distintas instituições, o BID definirá parâmetros em áreas estratégicas para suas ações no país para os próximos anos.


Sobre o BID

O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Estabelecido em 1959, o BID é a principal fonte de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. O BID também realiza pesquisas de vanguarda e oferece assessoria de políticas, assistência técnica e capacitação para clientes do setor público e privado em toda a região. (Fonte: www.iadb.org)

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