Produtores de alho, batata e cebola batem recordes de produtividade em Cristalina

Texto Thalita Braga – Foto Divulgação

Juntas, as culturas de alho e batata e cebola ocupam cerca de 8 mil hectares de área plantada em Cristalina. O empresário e técnico agrícola Airton Arikita destaca que a alta produtividade das três culturas acontece graças às técnicas de manejo aplicadas, o que reflete em uma atividade sustentável nos setores econômico, social e ambiental. “Para se ter uma ideia são necessários 5 kg de alho chinês para se chegar a 1 kg de alho nacional. A batata, 3° alimento mais consumido mundialmente, tem a maior produção/hectare plantado, além das três culturas gerarem juntas 9 mil empregos diretos no município”.

Para garantir alta produtividade e lucratividade, os produtores têm garantido investimentos em tecnologia aliada à sustentabilidade, assegurando assim, economia e aumento do volume de água nas propriedades. Segundo o gerente administrativo da Hayashi Batatas, João Gruber, a empresa adotou uma política de investimento em tecnologia voltada para o melhoramento da cultura. Ele explica que durante toda a produção é feito o acompanhamento de campo, buscando o melhor indivíduo da safra, que é levado para o laboratório de cultura de tecido e retirado o broto e, a partir desse broto são criadas novas plantas da mesma variedade.

Brotos retirados dos melhores indivíduos da safra,

“Nesse laboratório de cultura de tecido nós fazemos a retirada de vírus e depois passamos a reproduzir essa batata, primeiro em ambiente protegido e, posteriormente, ela vai para o campo. Com isso nós conseguimos aumentar o rigor das sementes – assim trabalhamos com menos gerações de sementes –, aumentamos o potencial produtivo e diminuímos muito o uso de insumos químicos. Além da redução dos custos, atinge-se uma maior produtividade e um produto de muito melhor qualidade”, afirma João.

Gruber destaca a importância da entrada da batata no sistema de rotação de cultura dos pivôs centrais, uma vez que, a maioria da produção da batata em Cristalina é feita em área arrendada, e fala sobre esse ciclo. “O produtor faz o sistema de irrigação por complementação e planta a soja mais cedo, irriga no começo, entra com uma segunda safra, então quando ele tira a soja e o milho é feito o plantio da batata, com essa inserção, cada vez mais o produtor consegue melhorias na qualidade do solo”, garante.

O engenheiro agrônomo, Renato Caetano, explica que a batata é um vegetal que precisa de bastante fósforo para o seu desenvolvimento, mas que durante o ciclo de produção não consome todo esse insumo, assim, fica disponível para cultura seguinte após a colheita. “Temos experiência com produtores que plantaram milho na linha da batata, sem nova adubagem, e que colheram mais do que se tivessem adubado. Então esse é um ponto importante para toda região, isso acaba se tornando uma simbiose e diminuindo o impacto no meio ambiente”, afirma Caetano.

Negócio Sustentável


As condições ambientais do planeta exigem cada vez mais responsabilidades compartilhadas para manutenção da vida na Terra. Chefes de Estado do mundo vêm discutindo ações para diminuir a emissão de CO2, coibir o desmatamento, baixar a produção de resíduos sólidos e buscar direcionamento correto para os mesmos, mas é preciso antes de tudo, consciência ambiental nas comunidades. A Hayashi Batatas investe nessa ideia. “Nós trabalhamos com um sistema de bico, que usa água de poço artesiano – analisado e outorgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Com esse sistema conseguimos diminuir 40% do uso de água no lavador”, afirma João Gruber. Ele destaca ainda o reaproveitamento da água que é feito no lavador de beneficiamento, reutilizando a água limpa dos últimos bicos nos primeiros bicos, quando é iniciado o processo de lavagem das batatas. “Uma máquina de 2 linhas consome em média de 15 a 16 mil litros de água em cada linha/hora, nós reduzimos esse valor para 9 mil litros em cada linha/hora”, calcula.

Para Gruber o maior problema do beneficiamento de qualquer produto agrícola é pegar a água que foi retirada da natureza e mesmo ela tendo sido utilizada, devolvê-la da mesma forma para o meio ambiente. “Na Hayashi, nós adotamos um sistema de bacias para o tratamento da água utilizada. Ao todo a água passa por quatro bacias de decantação e transbordamento, até que a água esteja limpa e pronta para reuso”, explica João. Ele assinala também que a terra, rica em matéria orgânica, proveniente desse processo é disponibilizada para comunidade para aterramento e criação de jardins. Já o descarte da batata, que está inadequada para venda e não pode ser doada, é usada para alimentação de gado em confinamento, fechando assim o ciclo sustentável da produção.

Capital do Alho


Com uma safra que correspondente a 30% da produção nacional, que é de 100 mil toneladas, Cristalina ganhou o título de “capital do alho”. Segundo o gerente da Agrícola Wehrmann, Luciano Brito, a alta qualidade da produção de alho acontece graças às técnicas de manejo aplicadas e no investimento em pesquisas. “Uma das razões do sucesso da qualidade do nosso alho é o sofisticado sistema de produção de sementes, envolvendo pesquisa em melhoramento genético e produção de alho livre de vírus (alho LV)”, afirma. Segundo ele, o processo inicia-se nos laboratórios próprios da Wehrmann, com a extração de meristemas de alho, um processo que demora dois anos antes de ir para as estufas de multiplicação, onde, então, o alho em desenvolvimento permanece por mais dois anos. “No final deste processo, são obtidas novas sementes, mais saudáveis e nutritivas, que são levadas a campo para a produção comercial”, explica.

Luciano fala também da preocupação da empresa em garantir boa produtividade em harmonia com o meio ambiente. “Para isto a empresa adota as mais sofisticadas práticas de agricultura sustentável e investe continuamente na preservação de seu mais importante insumo, a água. A empresa dá especial atenção ao uso de técnicas de conservação de solo, como o plantio direto e a rotação de culturas. Também realiza o manejo integrado de pragas, minimizando o uso de defensivos agrícolas na produção”, esclarece o engenheiro agrônomo.

A empresa trabalha também, desde 2000, com um projeto de reflorestamento, no qual mudas das principais árvores nativas do cerrado são cultivadas em uma área exclusiva para esta finalidade. “Em 15 anos, o projeto de reflorestamento produziu 1 milhão mudas de árvores nativas do cerrado, que foram cultivadas com matéria orgânica proveniente de outras culturas. Muitas dessas árvores foram plantadas ao redor das nascentes de água das áreas de reserva da empresa, protegendo e garantindo maior produção de água na propriedade”, destaca Luciano.

Quem sai e quem fica


Para o técnico agrônomo, Airton Arikita, os agricultores estão vivendo um momento crucial que estabelecer quem sai e quem continua produzindo. Ele lembra que há 20 anos no Brasil tínhamos por volta de 16 mil produtores de batata, hoje esse número mal chega a 4 mil. “Esses 12 mil produtores saíram do mercado porque não tiveram uma revolução tecnológica em suas propriedades. Logo, quem investiu em tecnologia, máquinas modernas, correção de solo, irrigação, agricultura de precisão, mecanização, foi o grupo que permaneceu e cresceu”, afirma.

Arikita alerta que agora que o processo seletivo é outro. “A peneira agora são as questões sociais e ambientais. O agricultor pode produzir 200 sacas de milho por hectare, 100 toneladas de cebola por hectare, mas se ele não tiver o cuidado de se adequar as regras sociais e ambientais, dentro de pouco tempo ele será excluído do mercado”, diz. Para ele, está próximo o dia em que cada propriedade precisará certificar sua produção com normas sérias, cumprindo todas as regras sociais e ambientais, oferecendo garantias que sua produção é sustentável para o aval de comercialização.

Para o empresário esse é o momento dos produtores rurais pensarem em associativismo e em uma nova cultura. “O agricultor precisa deixar a atitude individualista para assumir um pensamento coletivo, investir no associativismo. Assim, vamos evoluir, respeitando as regras sociais e ambientais que já estão muito claras e precisam ser cumpridas, para assim, termos essa mudança cultural”, conclui.

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