Produtores e agentes do mercado internacional de algodão estiveram na quarta-feira, dia 12, em Goiânia, para conhecer a estrutura disponível para análise de qualidade da pluma produzida em Goiás. A Missão compradores 2017 veio conhecer o laboratório de análises da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), um dos maiores do Brasil, e que recebe amostras da produção de várias partes do país para análise.
Antes, a Missão esteve em Cristalina, onde conheceu a plantação da Fazenda Pamplona. A programação pôde, assim, mostrar várias etapas do processo pelo qual o algodão passa até estar pronto para ser comercializado. Desde as técnicas de plantio certificadas pelos maiores selos de sustentabilidade nacional e internacional – Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Better Cotton Iniciative (BCI) -, passando pela colheita totalmente mecanizada, até a análise e rastreamento dos fardos, os representantes internacionais puderam ver como o algodão produzido em Goiás atingiu índices de qualidade equivalentes aos melhores do mundo.
Richard Pollard é executivo da Ecom Trading, uma das maiores negociadoras mundiais de commodity de algodão, tem experiência com o Brasil e esteve na Missão Compradores de 2016. O trader vê uma atmosfera positiva este ano, sobretudo devido à boa quantidade de chuvas que ocorreram no período do plantio. “O clima melhorou a qualidade das lavouras e os produtores estão satisfeitos. Esta é uma oportunidade de cobrir os prejuízos do ano passado”, diz. Richard acredita que os diferenciais brasileiros para a cotonicultura são os grandes investimentos e o preparo dos produtores. Entretanto, Goiás ainda depende do preço do mercado externo. “O futuro é positivo e os produtores devem estar atentos nos preços globais para poderem ampliar a área plantada. Se a China aumentar a importação da pluma, os preços vão subir”, prevê.
Vice-presidente da Reinhart, outra trading internacional, Danny Van Namen acompanha a cotonicultura brasileira há 15 anos, “quando o Brasil ainda era importador de algodão”. Danny acredita que a evolução dessa cultura no país é revolucionária, “acima do imaginável”. “O mercado internacional já entendeu que não há como ignorar o papel do Brasil. A Austrália produz com qualidade, mas é muito mais dependente da água que o Brasil, que ganha em confiabilidade. Mas no final, tudo depende do preço”, enumera.
Além de depender menos dos recursos hídricos que outros importantes produtores, outro diferencial brasileiro é a capacidade de uma segunda safra no ano, podendo vender algodão no segundo semestre. Van Namen considera a produção goiana de algodão “extremamente eficiente”, e que muitos países não têm as ferramentas disponíveis à cotonicultura goiana. “Eles são mais amadores, não dá para comparar com o que ocorre aqui”, destaca. Danny cita o exemplo da Índia, onde a produção é basicamente familiar e para o próprio sustento. “Em vários países, o produtor não sabe o que ocorre com sua produção depois que é colhida, enquanto o produtor goiano se importa com a qualidade, a padronização e as análises técnicas, o que confere valor. Isso é muito levado a sério em Goiás”, resume.
Presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco vê com a Missão Compradores uma oportunidade de estabelecer um lugar de referência em qualidade e confiabilidade. “Os compradores saem de Goiás com as expectativas superadas. Eles realmente se surpreenderam com a tecnologia empregada em nosso processo produtivo. Este é um fato que nos deixa orgulhosos e com o sentimento de dever cumprido”, conclui.
A Missão seguiu nesta quinta-feira para o Mato-Grosso. A Missão Compradores 2017 termina na sexta-feira, dia 14, em SP.
Fonte: Goiás Agora